Flor de Laranjeira

Flor de Laranjeira
Aqui sou simplesmente, feliz...

terça-feira, 17 de abril de 2012

ODE AO CÔA


Eu Côa minha ventura amei;
Eu Côa meu destino acatei,
Eu Côa toda a arte em ti sonhei.

Rio que abrigas arte em teu leito,
milénios de história são o preito,
expressivo ciclo artístico gravado
em rochas de xisto, do escarpado
vale por onde oscilas intempestivo,
na busca de outro assaz sugestivo.

No Lameirão da Malcata apareceste,
Kut, Kuto, Coda foste, Cuda nasceste,
aos transcudanos a sede mitigaste
e os gados lusitanos apascentaste,
entre povos irmãos fronteira incerta,
judeus acolheste em diáspora aberta.

Cruzas pedaços de história e tradição,
nas pedras dos castelos recordação,
pelas tuas encostas, palco de lutas,
pelejaram hordes de forças brutas,
atravessaram-te exércitos imperiais,
deste guarida nas guerras liberais.

Foste fértil e o sustento fertilizaste,
águas termais nas ladeiras brotaste,
acomodaste as agruras dos tempos
em recantos abrigados dos ventos
vida nasceu, cresceu, se fez história,
gente que te outorgou honra e glória.

Rio Côa, que o meu caminho cruzaste,
ao ciclo natural e ao universo evocaste
quando cedo para o Douro me levaste,
na simbiose com teu curso me abrigaste
até ao dia em que de volta me chamaste,
buscando o passado que aqui reservaste.

A evolução dos tempos, a ti, te abandonou,
prenhes indiferenças de quem te sacrificou
às giestas e gentios desaforos, te condenou.

Foto e texto: Edite Pinheiro
Abril, 17 / 2012

Sem comentários:

Enviar um comentário