Flor de Laranjeira

Flor de Laranjeira
Aqui sou simplesmente, feliz...

domingo, 26 de agosto de 2012

A BATALHA DE ALMEIDA

 
O tiro do canhão ressoou ao longe
quando a névoa, abraçada à noite,
estagnou no lajeado das calçadas,
das ruelas tortuosas e sombrias,
troando nas passagens apertadas,
espremidas entre casas destroçadas.
 
No despertar da Besta
o castelo vela no seu impercetível esgar.
 
Um clamor de coração, sufocado,
incapaz de ser expresso, dorido,
um clamor sem voz, estrangulado,
um vazio de dor, carpir reprimido,
um clamor de injustiça, asfixiado,
grito abafado que ninguém ouve.
 
Parecia uma súplica, um pedido,
sentido esse angustiado estertor,
pesaroso esse afligido tormento
de não ousar dar asas ao momento,
que suplicia e condena o povo
a viver e a morrer à míngua.
 
Outro tiro ressoou
levantando uma enorme fumaça.
 
O rufar dos tambores,
o trinado das flautas  
e o som,  aquele som jugulado,
da comoção profunda, desvalida,
de multidão desprovida e desprotegida,
vindo de lugar nenhum.
 
No rufar do tambor do medo,
encenando duelos de som,
que ecoam em toda a volta,
fazendo lembrar com o seu tom
que na pedagogia do oprimido,
o clamor do humilde não é ouvido!
 
No alvor do dia os canhões rugiam
como ondas de um mar violento.
 
Enquanto a pólvora queimava,
as explosões ensurdecedoras
despertavam ruidosos ecos,
e os canhões rugiam, rugiam,
como ondas de mar violento,
fustigando lá ao longe
searas ondulantes ao vento.
 
De onde vinha aquela voz chorosa?
Lamentosa derrocada do castelo!
 
Edite Pinheiro
Agosto,26 / 2012

Sem comentários:

Enviar um comentário