Flor de Laranjeira

Flor de Laranjeira
Aqui sou simplesmente, feliz...

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

FLOR DE NAZUNIA


Passamos por ela
sem nos dar conta,
indiferentes que somos
à sua diáfana beleza,
cegos, não a vemos
mas ela está lá,
presente, vive e é vida
é flor e é gente.

Ao lado das sebes
na orla dos prados
surge a nazunia em flor,
flor campestre
de distinto fulgor,
está simplesmente
da benévola brisa
ondulando ao sabor.

Se a rosa é espantosa
e uma bela flor,
tão bela
que nos sentimos possuídos por ela,
a nazunia é flor trivial,
tão comum,

que nunca se repara nela
por ser uma flor banal.

A nazunia não é um lótus
nem tem a sua beleza,
mas flutua suavemente

ao vento com igual grandeza;
saber olhar a nazunia
ver a sua gentileza
requer alma abnegada,
consciência livre e delicada.

Com nuvens no pensamento
e no céu da consciência,
sem coração compreensivo,

não darás pela nazunia
nem verás  a sua profunda beleza,
só os eleitos reparam nela,
veêm da rosa a gentileza
e do lótus a elevada subtileza.

Tal como a nazunia, o poema
não pode ser compreendido
intelectualmente,
só pode ser entendido
intuitivamente;

a nazunia é flor dos campos,
o poema é flor da peculiaridade,
são o banal feito singularidade.

Edite Pinheiro
Agosto, 29 / 2012


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A flor de "nazunia"

 Se olho cuidadosamente,
vejo a "nazunia" em flor
ao lado da sebe!
... Se olho o jardim,
vejo a "zinia" em flor
a planta esterácea, de jardim!

A "nazunia" é uma flor vulgar,
é tão vulgar que nunca se olha para ela
é comum, é uma flor banal.
A rosa é espantosa,
É uma bonita rosa,
e sentimo-nos possuídos por ela,
por uma fracção de segundos.
A "nazunia" não é uma rosa
nem uma rosa preciosa.
Uma bonita rosa dança ao vento e ao sol…

A "nazunia" não é um lótus,
é fácil ver a beleza de um lótus.
Flutuando num lago
um lótus azul, é um lótus raro.
Por momentos, fica-se preso da sua beleza.

Olhar com atenção para uma "nazunia",
requer alguém com uma consciência delicada;
caso contrário não dará por ela.
Se não penetrar nela com um coração compreensivo,
não dará por ela.
Não possui beleza aparente, a sua beleza é profunda.
Tem uma beleza banal, contém em si mesmo o extraordinário
- até mesmo a "nazunia".

Se olho cuidadosamente…
com uma visão compreensiva
uma flor de "nazunia".
E se olho atentamente…
pode transformar-se uma flor de "nazunia",
numa flor de lótus.
Sem nuvens de pensamentos no céu da consciência,
absolutamente sem nada,
completo vazio.
Torna-se um lótus
do paraíso.

O poema não pode ser compreendido
Intelectualmente,
só pode ser compreendido
intuitivamente.
A "nazunia" é uma flor vulgar,
é uma flor dos campos
é comum, uma flor banal.
Com subtileza,
esta tremenda poesia
tem beleza.
É preciso sentir a poesia!

Edite Pinheiro
Abril, 22 / 2008

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